Por Isadora Carrard

Ocorreu nesta última quinta-feira, dia 23 de novembro, o 25° Seminário Econômico da Fundação Família Previdência. O evento foi realizado das 14h às 18h, no centro de eventos do Barra Shopping Sul, em Porto Alegre. Com um time de especialistas e nomes de peso, o Seminário teve como objetivo debater e analisar projeções macroeconômicas e políticas para 2024.

Foram palestrantes do evento o ex-presidente Michel Temer, o sócio da XP Inc. e Head de Gestão da XP Advisory, Rogério Freitas, e o Economista-chefe do BTG Pactual e Ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida. O Seminário ainda contou com a presença do Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Cerimônia de Abertura com Rodrigo Sisnandes Pereira (na foto, à esquerda)

O Diretor-Presidente da Fundação Família Previdência deu início ao evento, saudando os participantes e autoridades presentes e também agradeceu aos parceiros institucionais da Fundação, entre eles a Tchê Previdência.

Como pontapé inicial das discussões, Rodrigo Sisnandes ressaltou que o RS possui o maior percentual de população idosa e que, com a nova dinâmica demográfica, é visível que a previdência pública será incapaz de garantir sozinha a manutenção da qualidade de vida da população. Acertadamente, acrescentou que os planos de previdência privada, frente a isso, são uma necessidade ainda não percebida pelos principais atores da sociedade e que um dos caminhos para alavancar a expansão da previdência passa pela iniciativa empresarial.

“Assim como muitas empresas oferecem planos de saúde, a previdência privada deve estar na agenda de corporações que se preocupam com a qualidade de vida dos seus colaboradores”, destacou Sisnandes.

Seminário contou com a presença do Governador Eduardo Leite

Eduardo Leite falou brevemente sobre a importância da capacidade de prever movimentos econômicos e políticos, fazendo uma relação entre prevenção, futuro e previdência. Relatou que o Estado do Rio Grande do Sul tem sido um bom exemplo de equilíbrio nos últimos anos, cumprindo seus compromissos econômicos. Citou ainda que a reforma da previdência do nosso Estado foi a mais profunda do país, que reduziu o déficit de 12 bilhões de reais para 9 bilhões, e complementou que “ainda assim são 9 bilhões de reais consumidos dos cofres públicos do Estado, através dos impostos que a população paga e desejava que voltasse na forma de investimentos, de custeio, no presente, de serviços públicos, e que infelizmente são subtraídos desses investimentos simplesmente para pagar o passado. Não é culpa dos servidores, não é culpa dos aposentados, mas foi uma decisão que a sociedade, no passado, tomou. Benefícios, vantagens, direitos que acabaram sendo estabelecidos sem ter sustentação fiscal e econômica. Portanto, é uma conta que nós pagamos no presente”, afirmou o governador.

Ex-presidente Michel Temer aborda Governabilidade e Crescimento, ao lado da jornalista Dalva Bavaresco

Michel Temer, ex-presidente da República, mencionou as reformas realizadas durante seu mandato, incluindo a reforma trabalhista e a implementação do teto de gastos. Expressou sua visão sobre a oposição, destacando que o papel dela é fundamental e deveria contribuir para a governabilidade, por meio da fiscalização, observação e crítica construtiva para participar ativamente do processo governamental. Porém, disse que a oposição que se utiliza no Brasil, ao invés de ser a que é pautada no conceito jurídico-constitucional, é a oposição política, que não é pacifista. “O Governo que chega, se oposição é, quer destruir os governos anteriores. (…) É um defeito do nosso sistema”, complementou.

Sobre a atuação do STF, que tem sido alvo de muitas polêmicas, comentou a recente votação do Senado, proibindo algumas decisões monocráticas nos Ministros, avaliando o papel de cada um dos poderes, indicando a ideia de que existe uma briga polarizada de uns contra outros. Ressaltou, também, a importância de se garantir segurança jurídica para promover a prosperidade e o desenvolvimento do país como um todo. Por fim, foi aberta uma rodada de perguntas ao ex-presidente.

Segunda Palestra, com o economista Mansueto Almeida

O Economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional foi otimista, afirmando que o país está muito melhor do que estava há 10 anos atrás. Mencionou questões como a recuperação do valor das estatais, o teto de gastos, a independência do Banco Central e as reformas trabalhista e da previdência, compartilhando os aspectos que contribuíram para darem certo.

Ele trouxe notícias boas sobre a inflação, indo no sentido contrário às tendências dos outros países, e sobre como o Brasil tem se tornado um dos principais exportadores de comodities, e que, após elevar os preços no pós-pandemia, levou o país a um recorde na balança comercial com um crescimento de 50% esperado ainda em 2023. Mansueto falou ainda dos números do agronegócio, do saldo positivo na balança de petróleo com previsão de sucessivos aumentos. O economista também comentou a postura do atual governo, que gerou uma antecipação negativa ao mercado com a iminência do aumento da dívida, mas logo conseguiu reverter a situação respeitando o limite de gastos.

“O que esperar para 2024” era uma das principais dúvidas do dia e o economista foi direto ao ponto: podemos esperar mais redução nos juros, se os Estados Unidos não tomarem nenhuma medida surpresa, e enquanto não podemos esperar pelo déficit zero, esperaremos uma redução de gastos por parte do governo. A expectativa é de que o Brasil cresça ainda mais em 2024 pois potencial não falta, desde que faça o que ele chamou de “dever de casa”: a revolução no sistema educacional, junto da atenção ao envelhecimento da população e às demandas nas políticas públicas que vem pela frente.

“Esse processo de sair de 7% da população com mais de 65 anos de idade para 14% levou 125 anos para ocorrer na França. Levou 72 anos para ocorrer nos Estados Unidos. No Brasil vai levar 20 anos. (…) A gente vai chegar agora em 2030 com mais de 15% da população do Brasil com mais de 65 anos de idade”, disse Mansueto ao defender suas previsões.

Último painel, do Head de Gestão da XP Advisory, Rogério Freitas

Trazendo uma visão macro sobre a economia mundial, Rogério fez uma contextualização histórica dos últimos 20 anos: com inflação, juros baixos e poucas crises no mundo, investidores assumiram mais riscos, porém, agora sentimos efeitos colaterais desses excessos dos últimos anos. Alto endividamento, em especial do setor público, Estados Unidos precisando se financiar, risco americano em alta e taxas de juros subindo.

Ele avalia que o preço dos ativos está com tendência de queda nos próximos 5 anos na renda variável, enquanto isso, a renda fixa vai se tornando mais atraente no cenário de juros altos. “Então, por que assumir risco, né?”, questionou. Pontuou a influência que os Estados Unidos têm nos movimentos da bolsa de lá e como podem se refletir aqui.

O palestrante aconselhou os participantes a terem cautela, considerando o ambiente internacional. Mas em resumo temos no país boas oportunidades de curto prazo, apesar dos desafios estruturais e das dúvidas geradas pelo mercado americano. “O Mansueto falou e eu concordo 100%: o Brasil não é uma ilha. O que acontece no mundo puxa o Brasil. Às vezes a gente tá olhando aqui para o nosso próprio umbigo e a gente acha que fez alguma coisa ruim, e por isso o dólar subiu. A gente acha que fizemos uma coisa boa e a bolsa sobe, mas na verdade o Brasil é dragado por tudo que acontece no mundo”, finalizou.

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A Tchê Previdência agradece a participação de associados, patrocinadores e colaboradores presentes no evento. Eventos enriquecedores como este não param de acontecer, então não deixe de nos acompanhar nos nossos canais de comunicação.