Live da Tchê Previdência discute o impacto da pandemia na previdência complementar

A primeira Live da Tchê Previdência, no fim da tarde desta terça-feira, 26, discutiu Previdência vs Pandemia: como a pandemia vem afetando os ativos, passivos e o comportamento dos participantes dos planos de Previdência Complementar.
A Live teve a mediação de Cezar Henrique Ferreira, Diretor Superintendente da Fapers e Diretor Presidente da Tchê Previdência. Transmitida pelo canal da Tchê no YouTube, a conversa contou com a participação de Bernardo Nunes, cientista de dados da Growth Tribe Academy, especialista em comportamento do consumidor, doutor em Economia pela University of Stirling (Reino Unido); Giancarlo Giacomini Germany, atuário, especialista em finanças pela Financial Management & Capital Markets New York Institute of Finance., Diretor do IBA e Diretor Executivo da Mirador e Marco Martins, Doutor em Administração com ênfase em finanças e professor no Dep. de Ciências Contábeis e Atuariais da Faculdade de Economiada UFRGS.
Primeiro a falar, Marco Martins, exaltou a necessidade de planejar. E planejar é, para Martins, ter um plano de contingência, ou seja, organizar “a casa” justamente quando o momento for bom. Na avalição de Martins, esse é o momento ideal para fazer caixa e criar esse planejamento de forma mais consistente.
O atual cenário é dramático em várias frentes, mas entidades de previdência devem aproveitar a oportunidade para recompor posições. Nesse momento, Martins reforçou que “é preciso ter racionalidade. Você precisa ter calma e não sair vendendo posições”, destacou. Além disso, “nós temos uma paixão muito grande por liquidez. O brasileiro se acostumou a ganhar dinheiro com uma taxa alta e com muita liquidez”, explicou. Martins salienta que é necessário ter uma carteira equilibrada, com ativos de liquidez curta, média e também alta.
Para ele, a palavra-chave é planejamento. “O investidor de longo prazo é um corredor de maratona”, disse. Ele precisa planejar todo o percurso, visando o longo prazo. Planejar é se antecipar a cenários como este. Por natureza, entidades de previdência não alocam todos os seus recursos em bolsa. A carteira dos fundos é diversificada e, por possuir ativos de renda fixa, reduz significativamente os riscos em momentos de crises cíclicas.
A atuário e diretor executivo da Mirador, Giancarlo Germany, enfatizou o propósito do segmento de previdência complementar mirar o longo prazo, e que essa característica é uma das condições que fazem do segmento um investimento seguro e atrativo aos participantes. Giancarlo lembrou que esta não é a primeira crise que atravessamos, embora seja uma das mais graves. Como nas anteriores, os investimentos devem se recuperar com o tempo.
De acordo com o atuário, “o fundo de pensão tem uma série de proteções e amarras para que a gente não tenha uma exposição severa ao risco”. Ele destacou que não se tem notícia de uma entidade fechada de previdência complementar que não esteja pagando benefícios regularmente, o que mostra a solidez do sistema. “Pelo contrário”, explica Giancarlo, inclusive “existe um levantamento feito pela Superintendência de Previdência Complementar que diz que os fundos de pensão possuem liquidez suficiente para garantir o pagamento dos benefícios durante toda a pandemia”.
A expectativa do atuário é que a recuperação ocorra gradualmente conforme novas soluções para lidar com a pandemia vão sendo tomadas, como vacinas e medidas de saúde que impeçam a disseminação do vírus. Além disso, para Giancarlo, é preciso pensar onde estaremos posicionados para quando a crise acabar.
A fala do cientista de dados Bernardo Nunes focou em aspectos comportamentais. Em momentos de incerteza, o comportamento dos consumidores mostra alguns fatores claros. No entanto, Bernardo chamou a atenção para o fato de que em países onde existe seguridade social bem definida as pessoas conseguiram reagir melhor aos efeitos da pandemia. Isso por que os anseios e medos que toda crise traz é reduzido por esse suporte oferecido pelos sistemas de seguridade destes países.
É preciso planejar entendendo esse contexto. De acordo com Bernardo, “as pessoas têm duas vezes e meia mais sensibilidade à perda do que a ganhos de mesma magnitude”. Psicologicamente perdas têm muito mais impacto. O que vale, claro, aos investidores. Nesse sentido, Bernardo recomenda que sejam pensadas a criação de mecanismos para que as pessoas poupem sem perceber que elas estão poupando. “É preciso tirá-las da inércia”, salientou.
Em relação às indústrias, o cientista citou a Uber, empresa que teve um grande impacto negativo no seu negócio principal, mas ao mesmo tempo já tinham desenvolvido a Uber Eats, que compensou as perdas que teve com a economia compartilhada no sistema de transporte do aplicativo. Justamente o setor de alimentos é um dos que oferece melhor resposta a crise causada pelo novo coronavírus.
Bernardo salientou, ainda, que em momentos como este a comunicação é fundamental. Enfatizar aspectos como a possibilidade de recuperação econômica em função da natureza de longo prazo dos planos de previdência, por exemplo, pode auxiliar os participantes a entenderem o aspecto conjuntural que a pandemia traz. Não assistiu? A live está disponível no canal da Tchê Previdência no YouTube. Clique aqui para assistir.